Meu amigo imaginário

 

Você já se perguntou por que aquela criança fala sozinha e brinca como se alguém estivesse com ela naquele momento? Ou talvez tenha se perguntado onde foi parar o seu amigo imaginário, depois que você cresceu? 

Pois é, o amigo imaginário, ou invisível, existe. Existe para o mundo encantador das crianças e tem uma função muito importante para o desenvolvimento infantil.

Quando uma criança começa a brincar com alguém que não existe ou falar com algum boneco como se este estivesse ouvindo, estamos presenciando o relacionamento da criança com o amigo invisível. Isto é completamente normal por volta dos 2 aos 6 anos de idade, porque as crianças vivem num mundo quase paralelo ao nosso, cheio de imaginação, criatividade, fadas, duendes, animais inventados, etc.

Quando a criança começa a brincar com este ser “mágico”, ela se sente segura, protegida e “dona da situação”, já que tudo o que for definido por ela é amplamente aceito por seu amigo, ele não tenta pegar o seu brinquedo, não propõe outra brincadeira e outras coisas que geralmente frustram as crianças quando interagem com outros. Ela se sente muito especial.

Muitos pais ficam preocupados achando que seus filhos estão doentes e que algo precisa ser feito. Algo precisa ser feito. É necessário que os pais “entrem na dança”, que respeitem na medida do possível o lugar onde o amigo está sentado à mesa, que não diga para a criança que ela é maluca, doida, ou que isso não existe. É preciso que os pais aceitem a existência do amigo imaginário, guardadas as devidas proporções, não é preciso que aceitem suas chantagens, por exemplo.

O amigo pode surgir como instrumento para que a criança consiga lidar com situações estressantes, como a perda ou mudança de um amiguinho, mudança de casa, início em uma escolinha ou creche, divórcio dos pais, entre outros. Este amigo também ajuda a criança a lidar com o medo, como medo do escuro, da solidão, de abandono, de barulhos estranhos, ou de suas outras imaginações.

A maioria das crianças lida de maneira sensata com estas imaginações, mesmo que defenda a existência do amigo imaginário. Elas não chorarão perdidamente de saudade do amigo se o esquecerem no parque, por exemplo, simplesmente elas em alguns minutos esquecerão este fato e o trarão magicamente para casa de novo. 

Para os pais e mães que estão presenciando esta situação em casa, seguem algumas dicas:

- Ajam com naturalidade ao saberem sobre o amigo imaginário e demonstrem interesse, pode ser através de perguntas ou lembrando sobre ele em outro dia;

- É possível que as crianças tragam para a cena o amigo imaginário também quando sentirem raiva ou estejam sob muito estresse, procurem aceitar que a criança buscou conforto no amigo, mantenham a calma e liderem a resolução da situação perturbadora;

- É possível valer-se das interações com o amigo imaginário para orientar a criança sobre o que deve ser feito em cada local, como ela e o amigo devem se comportar. Se por exemplo a criança é muito tímida, pode ser dito que o amigo irá estar com ela e não precisará temer.

- Apesar da criança estar sempre “acompanhada” incentive as brincadeiras com outras crianças desde cedo, isso irá ajudar seu filho a viver experiências que irão se somando para que ele tenha facilidade em se comunicar com outras pessoas.

 - Deixe a criança com autonomia para brincar em alguns momentos, ela pode inventar o roteiro e mudar de ideia, afinal, parte de todo o repertório de comportamentos se estabelece por tentativa e erro.

Autora: Psicóloga Carla C. Egídio Lemos, CRP 06/123.161.

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