Racismo adoece

 

O conselho federal de psicologia afirma que o racismo é promotor de sofrimento psíquico, e as consequências disso tem-se visto no grande número de pessoas negras em dificuldades na condução da sua própria vida. A visão de si, do outro e do mundo torna-se bastante distorcida quando as questões raciais são fator predominante de não legitimação da pessoa negra enquanto sujeito plenamente capaz em todas as suas funções psíquicas, sociais e emocionais.
Ocorre que pessoas negras, ainda estão em situação de desigualdade em comparação as pessoas não negras. O investimento na carreira, por exemplo, é fator de bastante angústia, pois, existe dedicação e capacidade para promoções, mas para as pessoas negras, as chances são menores e demoram a acontecer, quando ocorrem. A solidão da mulher negra, é outro ponto de atenção, enquanto que mulheres não negras são vistas como mulheres para casar, as mulheres negras sofrem com objetificação de são corpos, sendo vistas como mulheres que agreguem apenas valores sexuais, muitas delas cuidam de seus filhos sozinhas em decorrência do abandono de parceiros que não se dispuseram a assumir uma relação matrimonial.
Para ilustrar melhor esta problemática, pode-se pensar do ponto de vista do estereótipo. A sociedade insiste em vestir a população negra de uma série de estereótipos que as colocam em uma posição irreal tornando invisível quem são ou que desejam ser. Infelizmente, de modo inconsciente algumas pessoas negras vestem-se desses estereótipos como se fossem verdades absolutas, e por vezes, isso começa dentro do próprio sistema familiar expandindo-se para a vida biopsicossocial. Pais dizem para os seus filhos negros que eles precisam produzir duas, três vezes mais do que as pessoas não negras para provar que são tão bons quanto ou quando mulheres negras na maternidade são menos assistidas que outras mulheres, porque médicos dizem que mulheres negras são mais resistentes a dor e o sofrimento e com isso as colocam em situação de altíssima vulnerabilidade. Além disso, têm-se o estereótipo do homem negro como sendo forte, viril e por vezes animalesco, apenas funcionando com base no instinto e na força física.
E como lidar com todo esse sofrimento que o racismo produz?
É preciso desconstruir o racismo e isso pode ocorrer por meio de ações antirracistas. Admitir a importância de representatividade para que as pessoas negras possam se ver em todos lugares e não apenas em alguns lugares bem estereotipados como já mencionado acima também pode promover transformações. Atrelado a tudo isso, a busca do tratamento psicológico tende a ser um grande aliado, tanto do ponto de vista da prevenção bem como da promoção de saúde mental, mas para que o processo psicoterapêutico possa ser eficaz é fundamental que se tenha profissionais da Psicologia preparados para acolher os prejuízos em decorrência de uma vida regada a episódios de racismo ofensivo, direto e/ou estrutural.

Autora: Psicóloga Eloiza Santos Rodrigues, CRP 06/78682.
Referencia Bibliográfica: Livro Pele Negra Máscaras Brancas (Autor: Psiquiatra Frantz Fanon)

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